Na mágica Lenda da Moura da Ponte de Chaves, após a retoma de Chaves pelos Mouros em 1129, ficou alcaide do castelo um guerreiro que tinha um filho que adorava, de seu nome Abed, e uma sobrinha. Por vontade do alcaide, ambos ficaram noivos. A bela jovem não resistiu a Abed, pois poucos mouros ali permaneciam e nenhum havia despertado sua paixão.
Com a chegada dos cristãos liderados pelos cavaleiros Rui e Garcia Lopes, irmãos de D. Afonso Henriques, a resistência moura sob o comando do alcaide e seu filho defendeu tenazmente o castelo. Entretanto, diante dos ataques, a população fugiu desesperadamente, e apenas a sobrinha do alcaide, órfã pela guerra, permaneceu impassível.
Durante os combates, a moura fixou os olhos em um belo guerreiro cristão, líder de posições conquistadas no castelo. Surpreendentemente, o guerreiro interrompeu a ofensiva e dirigiu-se à jovem, indagando sobre sua presença naquele triste espetáculo. Ela explicou seu desejo de compreender a guerra, mencionando a perda pela qual passou devido ao conflito.
Ao descobrir que vivia com o tio, alcaide do castelo, o guerreiro ordenou que a levassem para seu acampamento. Mesmo com a tomada do castelo, a jovem moura permaneceu refém dos cristãos, vivendo felizmente com o cavaleiro que a raptara.
Abed, conhecendo a situação, nunca perdoou. Ao retornar a Chaves disfarçado de mendigo, esperou a jovem na ponte, pedindo esmola. No fatídico momento em que ela estendeu a mão, Abed proferiu palavras que a condenaram: “Para sempre ficarás encantada sob o terceiro arco desta ponte. Só o amor dum cavaleiro cristão, não aquele que te levou, poderá salvar-te. Mas esse cavaleiro nunca virá!”
A moura desapareceu magicamente. Desesperado, o guerreiro cristão procurou incessantemente, pagando para trazer Abed e quebrar o encanto. Contudo, a moura encantada da Ponte de Chaves nunca mais apareceu, e o cristão morreu na dor e saudade após alguns anos.
Ainda sobre a Lenda da Moura da Ponte de Chaves, diz o povo que em noites de S. João, um cavaleiro cristão passou pela ponte, ouvindo lamentos da moura encantada sob o terceiro arco. Intrigado, ele hesitou, mas recordando as histórias de desgraças, partiu jurando não passar à meia-noite.
Assim, a moura da ponte de Chaves permanece encantada, e nas noites de S. João, os lamentos ecoam como castigo de um amor vivido com um cristão.
Pois é neste arco que a Moura está presa ao eterno encanto. Se passar por lá durante a noite e ouvir lamentos, não são das sardinhas ou do vinho, mas sim o lamento da moura encantada…
Não haverá por aí um bom cavaleiro cristão que lhe dê o seu amor e a liberte para sempre?
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