O vinho e a vinha continuam a ser o corpo e a alma da região do Dão. São eles que traçam o perfil deste cantinho no centro de Portugal…
É certo e sabido que Portugal produz em toda a sua extensão vinhos de enorme qualidade reconhecidos internacionalmente. Não é, no entanto, tão comummente conhecido que a Região Vitivinícola do Dão é uma das regiões demarcadas mais antigas do País.
Em 1908 uma Carta de Lei estabelece formalmente a Região Demarcada do Dão e passados dois anos, em maio de 1910, surge com o Decreto regulamentar, o conjunto de normas para a produção e comercialização dos vinhos aí originados. Com esta decisão, o Dão torna-se a primeira região de vinhos não licorosos a ser demarcada e regulamentada no nosso país.
Os vinhos do Dão apresentam características tidas como únicas no universo dos vinhos portugueses. A conjugação muito particular do clima, do solo, do relevo e de outros aspectos conferem a esta região condições extraordinárias para a criação de vinhos distintos e com personalidade.
A Região Vitivinícola do Dão situa-se no centro Norte de Portugal, na antiga região da Beira Alta. As vinhas, protegidas dos ventos marítimos mais agrestes pelas serras da Estrela, do Caramulo, Lousã, Buçaco, Nave e Açor, estão plantadas na sua maioria entre os 400 e os 700 metros de altitude, e desenvolvem-se em solos xistosos, na zona mais a sul da região, ou graníticos de pouca profundidade um pouco mais a norte.
Juntamos aos factores em cima enumerados os rios Mondego, Paiva, Vouga e Dão e conseguimos perceber, em cada trago, a graciosidade e o Terroir do vinho de excelência aqui produzido.
Touriga Nacional, Alfrocheiro, Jaen e Tinta Roriz proporcionam tintos bem encorpados, aromáticos que podem ganhar bastante complexidade após envelhecimento em garrafa. Bical, Cercial, Malvasia Fina e Verdelho dão origem a vinhos brancos aromáticos, frutados e bastante equilibrados.
Depois de alguns anos de estagnação, entre as décadas de 60 e 90, a Região demarcada do Dão soube evoluir. As grandes empresas produtoras fizeram-se representar na região e trouxeram com elas a modernização nas várias vertentes da produção vitivinícola, assim como, uma aposta clara e constante na qualidade do produto final.
Desenvolveram marcas e exploraram o marketing de uma forma competente e criativa. Criaram novos produtos aliados à produção do vinho chamando à região novos públicos de vários estratos sociais e diversas faixas etárias.
“Tudo nestas paragens são grandezas”
José de Saramago
O vinho e a vinha continuam a ser o corpo e a alma desta região. São eles que traçam o perfil deste cantinho no centro de Portugal… mas hoje em dia falar em Dão é falar em cultura, em lazer, em gastronomia, em paisagens inesquecíveis, em explorações turísticas requintadas e profissionais, e em tantas outras coisas. É falar no orgulho de quem por cá vive e de quem faz deste pedaço de terra a sua vida.
Casa de Santar
Deixo aqui uma sugestão pessoal para uma possível visita à Região. Visite a Casa de Santar e faça uma refeição no Paço dos Cunhas de Santar. O restaurante está integrado num solar do século XVII e XVIII, construído em 1609. Passeie pelos jardins que circundam os solar. Visite as caves. Saboreie os excelentes vinhos que por lá vai encontrar como por exemplo:
Vinho Branco “Casa de Santar 2015”
Produzido com as castas Encruzado, Cerceal branco e Bical. Aroma elegante com notas de fruto tropical e ligeiro mineral. Mais exuberante na boca, tem uma textura delicada e acidez bem integrada. Conjunto afinado e muito proporcionado. Acompanha pratos de peixes magros grelhados no carvão, peixes fritos, filetes de pescada, carapauzinhos, etc. Sirva-se a 12º C. (por: www.vinalda.pt)
Vinho Tinto Casa de Santar Reserva 2012
Produzido com as castas Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tinta Roriz. Aromas intensos a frutos silvestres e especiarias, expressando na boca todo o seu perfil austero, com final aveludado. Elegância e equilíbrio são a assinatura dos nossos vinhos. Acompanha pratos de cozinha regional, quer a iguarias mais sofisticadas, por exemplo, um peito de pintada estufado com sálvia e maçã. Sirva-se a 17 ou 18ºC. (por: www.vinalda.pt)
Sub regiões do Dão
Em cerca de 400 mil hectares de extensão, a Região Demarcada do Dão apresenta perto de 20 mil hectares de vinhas, estendidas por sete sub-regiões: Sub-região de Alva (municípios de Oliveira do Hospital e Tábua), Sub-região de Besteiros (municípios de Mortágua, Santa Comba Dão e 22 freguesias de Tondela), Sub-região de Castendo (municípios de Penalva do Castelo e duas freguesias do Sátão), Sub-região da Serra da Estrela (19 freguesias do município de Gouveia e 19 freguesias de Seia, Sub-região de Silgueiros (cinco freguesias de Viseu) Sub-região Terras de Azurara (município de Mangualde), Sub-região de Senhorim (município de Carregal do Sal e Nelas).