A Capela Carlos Alberto trata-se de um memorial fúnebre, mandado erguer em 1854 pela princesa Frederica Augusta de Montheart, em mémória do seu meio-irmão o rei Carlos Alberto de Savoia-Carignano.
Quem foi Carlos Alberto
Carlos Alberto de Savoia-Carignano nasceu na cidade de Paris a 2 de Outubro de 1798. Era filho de Carlos Emanuel de Saboia-Carignan e de Maria Cristina de Sassonia-Curlandia.
Foi rei da Sardenha entre 1831 e 1849 e um dos mais notáveis lutadores pela causa da unificação de Itália, país que então era controlado pelo Império Austro-Húngaro, e atravessava uma divisão política profunda.
Exílio no Porto
Viu ruir o sonho de reunificar a Itália, depois de ter sido derrotado pelo exército austríaco em Novara, a 23 de Março de 1849. Neste ano exilou-se no Porto .
Ao chegar a Portugal hospedou-se na Hospedaria do Peixe, a funcionar no Palácio dos Viscondes de Balsemão, na então Praça dos Ferradores, hoje Praça Carlos Alberto. Mais tarde mudou-se para a Quinta da Macieirinha, onde hoje funciona o Solar do Vinho do Porto e o Museu Romântico.
A 29 de Julho de 1849, pouco tempo depois da sua chegada a Portugal, morreu na Casa da Quinta da Macieirinha. O seu corpo foi depositado no claustro gótico da Sé do Porto, na Capela de São Vicente e depois transladado para o Panteão dos Sabóia ,em Turim, a bordo do Mozambano, um navio de guerra italiano.
A construção da Capela Carlos Alberto
A obra foi riscada pelo arquitecto Joaquim da Costa Lima e ficou concluída em 1861. Entre este ano e 1950, a capela pertenceu à Casa de Bragança. em 1951 foi doada à Câmara Municipal do Porto.
A construção da Capela Carlos Alberto viu-se envolta em alguma polémica… Por um lado estavam os descontentes…
…Consta-nos que quando ela tratou mandar construir a capela, chamara vários arquitetos para lhe darem planos mas parece que afinal dera um esboço da obra, ao mestre pedreiro, encarregado da fiscalização dela, o arquiteto sr. Pedro d’Oliveira.
Custa-nos a crer que se deixe um mestre pedreiro presidir aquela edificação, sem plano algum regular e conveniente; por isso lá vemos nas traseiras da capela que nos dizem gótica, duas janelas de feitio das de qualquer casebre moderno! As paredes laterais em lugar de pedra lavrada vão ser rebocadas exteriormente com cal, o que denota pobreza e mau gosto. “. “…Consta-nos que quando ela tratou mandar construir a capela, chamara vários arquitetos para lhe darem planos mas parece que afinal dera um esboço da obra, ao mestre pedreiro, encarregado da fiscalização dela, o arquiteto sr. Pedro d’Oliveira.
Excerto de um comunicado não assinado no jornal “O Comércio” de 11/09/1854
… e do outro lado os responsáveis pela obra…
…Logo que chegou a esta cidade a princesa, parente do rei Carlos Alberto, fui convidado para comparecer em casa de sua alteza a fim de ser ouvido e consultado relativamente à construção de uma capela, que em memória ao mesmo rei ela pretendia mandar fazer, e sendo apresentado pela mesma pessoa que em nome de S.A. me tinha convidado, tive a honra e satisfação de falar com a princesa e de ouvi-la a tal respeito. Nesta ocasião mostrou-me S.A. um risco, que tinha sido feito em Lisboa, porém não o achando a seu gosto convidou-me a que eu fizesse um novo risco, dando-me para isso todas as instruções que julgou precisas, e todas aquelas que lhe exigi…
Nesta ocasião observei que, não havendo risco que regulasse a forma da frente das costas da capela, fora esta imaginada, ou feita ad libitum e a gosto do mestre pedreiro, assim como as frentes laterais da mesma capela, não havendo tanto entre estas como entre a frente das costas da mesma, nenhuma semelhança ou harmonia com a frente principal, e são mais um contraste do que outra coisa; além da frente das costas da capela ser de um gosto muito ordinário e muito vulgar.
Quanto ao interior é certo também que as proporções das colunas e mais peças da obra, são da mão do mesmo mestre, que neste caso, vista a falta de esclarecimentos, obrou como quis ou entendeu…
Resposta de Pedro d’Oliveira, publicada no jornal “O Comércio” de 29/09/1854
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