Esboçou-o uma antiga lagoa de origem glaciar, definindo uma pequena planície como fundo. Pintou-o a Natureza, adicionando o fundo verde dos cervunais e as cores quentes da floresta de bétulas.
É aqui que, acabadinho de nascer e guardado pelos imponentes cântaros, o rio Zêzere inicia o seu percurso, a 1420m de altitude, seguindo em direção ao vale glaciar a que dá nome.
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Fotogaleria por Manuel Ferreira Photography
O Covão d’Ametade situa-se no sopé do Cântaro Magro. É permitido o campismo mas são exigidos alguns cuidados na preservação da vegetação.
“A bruma subia cada vez mais deixando a descoberto os medonhos contrafortes do berço do Zêzere. Uma rotunda imensa, grave, misteriosa, de contornos imprevisíveis, começava a aparecer, como se as névoas do princípio do Mundo a abandonassem de vez. Iam-se desvendando enormes moles de granito, ao fundo, à direita, à esquerda, pedras de todos os milénios, bastiões de um só bloco e rude traça, que se apresentava soberba, numa majestosa solenidade. Essa muralha ciclópica e irregular, cheia de arestas, de vincos, crescia rapidamente, através do nevoeiro que se retirava. Cada vez se apresentava mais alta, mais arrogante cada vez – e assim tapada nos cimos dir-se-ia não ter fim.
[…]
O anfiteatro colossal em que eles se encontravam exibia-se agora, em toda a sua imponência. Era de uma grandiosidade áspera, severa, essa rotunda propícia para um templo de mitos alpestres. Estava metida entre assombrosas florações de granito e terminava no Cântaro Magro que lembrava a carcassa de imensurável castelo de outrora, do qual se aproximassem fulminantes coriscos.
Dir-se-ia que a natureza quisera defender e impregnar o mistério da nascente do Zêzere – fechando-a como uma fortaleza. E, contudo, parecia que o rio fora apenas um pretexto. Era uma pobre, trémula fila de água, ora muito estreita, ora mais larga, ás vezes quase invisível, que se lançava lá do alto por um sulco ou diáclase da rocha negra, aberta para lhe dar melhor caminho. Ao seu lado, porém, tudo se agigantava”.
Ferreira de Castro, em “A Lã e a Neve”
O Covão d’Ametade faz parte de um dos circos glaciários que alimentavam o Vale Glaciário do Zêzere, onde corre atualmente o rio que lhe dá nome, conjuntamente com o Covão Cimeiro, a montante e o Covão da Albergaria a jusante.
É um lugar privilegiado para campistas que procuram uma base para as suas caminhadas na descoberta do planalto superior, alguns dos trilhos de referência situam-se nas proximidades do parque.
Sem dúvida um ponto de referência da Serra.
Latitude: 40.3282057 | Longitude: -7.5881282
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