Pequenina e medieval, é assim que quem se depara com Marialva a vê. Uma aldeia bonita, amuralhada, com calçadas íngremes e estreitas, que culminam no Castelo.
A sensação à entrada é que estamos protegidos de qualquer ameaça que seja exterior, com todas as casas e pedras firmes que nos envolvem.
A poucos minutos da cidade de Mêda a Aldeia Histórica de Marialva possui um cenário que revela uma das relíquias do interior, e transporta-nos às profundas histórias da nossa Portugalidade.
No interior dos amuralhados da aldeia, destacam-se o centro com o seu Pelourinho e pelo edifício da antiga Casa da Câmara, também tribunal e cadeia (séc. XVII).
Alguns metros mais à frente a torre de menagem e a Igreja de Santiago com o seu magnífico teto pintado e a Capela da Misericórdia, apreciada pelo retábulo em talha, são verdadeiros tesouros construídos dentro do recinto muralhado.
A população que habita nas edificações fora das muralhas tem no rosto o olhar hospitaleiro das gentes beirãs, rubricados pela autenticidade das rugas do rosto.
Marialva é uma das dezasseis aldeias e freguesias do concelho de Mêda cujos vestígios monumentais guardam a memória de um passado histórico muito importante.
Castelo de Marialva
O Castelo de Marialva ergue-se no topo de um penedo granítico, a 613 metros de altitude, sobranceiro ao extenso vale que constituiu o rebordo mais ocidental da Meseta Ibérica. As origens do povoamento deste local são difíceis de precisar por falta de estudos arqueológicos.
Acredita-se que a feição primitiva do castelo remonte a 1179, data provável da atribuição do Foral por parte de D. Afonso Henriques.
História
A ocupação mais primitiva de Marialva, de que há registos, é atribuída aos Aravos, tribo lusitana, que terá enfrentado a invasão romana.
A presença desta comunidade é atestada por uma lápide, levada para o Museu Regional da Guarda, com uma inscrição honorífica dedicada ao Imperador Adriano.
D. Afonso Henriques repovoou e atribui a Marialva a carta de foral, em 1179:
manou pobradores para aí, com a concessão de muitos privilégios, – entre estes, o de os moradores da vila não terem senhor que não quisessem…
…O que raptasse uma rapariga fora da vila e ali se acoitasse pagaria apenas 300 soldos…
…Quem viesse viver ali com dívidas, seis meses depois elas tinham caducado…
Foral de Marialva
O Rei D. Dinis criou a feira mensal de Marialva, provisão assinada em Coimbra no dia 4 de Novembro de 1266. A feira franca de Marialva, os feirantes estavam isentos de impostos, realizava-se todos os dias 15 de cada mês.
O Rei D. Manuel atribui-lhe Foral Novo em 14 de Setembro de 1512.
Dormir em Marialva
Dormir em Marialva é por si só uma experiência. Existem algumas unidades de turismo rural de elevada qualidade que são referência ao nível nacional e internacional. Destacamos as Casas do Côro, Casa do Leão, Quinta do Nobre, Quinta da Bacelada e o Longroiva Hotel Rural & Termal Spa (nas proximidades).
Visitar em Marialva
O castelo e os vestígios da antiga alcáçova; a Igreja de São Tiago, com portal manuelino e altares barrocos; a Capela de Nossa Senhora dos Passos; o tribunal e a cadeia, edificações do século XVII; a cidade romana de Civitas Aravorum.
Lenda da Dama Pé-de-Cabra
A lenda que está associada a uma donzela, que se chamava Maria Alva e que terá dado origem ao nome da terra.
Na atual região da Beira Alta, mais concretamente na aldeia histórica de Marialva vivia há muitos séculos uma donzela muito formosa. Um certo dia um nobre encantado com a sua beleza e querendo desposá-la encomendou os serviços de um sapateiro pedindo-lhe que fizesse uns sapatos para a donzela em questão. Como se tratava de uma surpresa o sapateiro teria de arranjar uma maneira de conseguir fazer um molde dos pés da donzela para acertar no tamanho do pé, e certo dia, sem que esta desse por isso espalhou farinha aos pés da cama da donzela para que quando esta se levantasse, deixasse a marca na farinha espalhada no chão. Assim foi, e o sapateiro percebeu pela forma deixada no chão que a donzela tinha “pés de cabra”, mas mesmo assim fez uns sapatos adequados. Quando o nobre entregou o presente à donzela, esta com o desgosto de saber que já todos sabiam do seu defeito, atirou-se da torre do castelo. A donzela chamava-se Maria Alva e ainda hoje, mesmo em ruínas podemos ver a torre do castelo.